A Web 2.0 muda os processos de aprendizagem?
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Data: 30 de Abril de 2010
Título: A Web 2.0 muda os processos de aprendizagem?
Veículo:
Autor(a): Rita Guarezi
Diretora superintendente do Instituto de Estudos Avançados (IEA).
Pedagoga com especialização em Metodologia do Ensino e Gestão de
Informática na Educação.
Venho ao longo dos últimos 15 anos pesquisando sobre como as
instituições educacionais podem promover e facilitar os processos de
aprendizagem. Mas especificamente nos últimos 8 anos, minha pesquisa
voltou-se para como tudo isso pode ser favorecido por meio das
tecnologias de informação e comunicação.
Inicialmente observava nas iniciativas da educação a distância a
dificuldade de implantar metodologias eficientes. O que se tinha era
basicamente uma tentativa de reprodução do ensino convencional. Sendo
ainda o ensino brasileiro bastante comportamentalista, não era difícil
observar isso refletido nos cursos a distância.
Mesmo a partir da década de 90, onde ganhamos com a Internet um espaço
diferenciado para desenvolver esta modalidade educacional, o que se
viu foi mais uma vez uma reprodução de conteúdos e atividades tal qual
se via no modelo presencial. O que seria diferente então? Neste caso,
somente o meio pelo qual o conteúdo chegava às pessoas.
Porém, equipes multidisciplinares no mundo todo começaram a discutir
seriamente o assunto, ao perceber que as tecnologias por si só não
mudariam os rumos da educação. Precisava muito mais que excelentes
ambientes virtuais de aprendizagem.
Foi nesta reflexão que se construíram metodologias mais adequadas e
muitas delas baseadas fortemente nas teorias de aprendizagem da linha
cognitivista apoiadas pelos estudos da andragogia.
Assim, ao definir-se um curso mediatizado por tecnologias algumas
perguntas tornaram-se muito importantes como: Quem são as pessoas que
vamos formar, o que elas já sabem sobre o que vamos falar e o que elas
não sabem? Como elas aprenderam a aprender? Quais seus estilos
cognitivos? Que competências essas pessoas precisam desenvolver?
Essas perguntas começaram a fazer a diferença em muitas instituições
de educação a distância, uma vez que as pesquisas de impacto mostravam
resultados melhores do que aquelas que continuavam repetindo o modelo
convencional de ensino.
E agora, o que muda com as possibilidades de interação da Web 2.0?
Sabemos que as teorias de aprendizagem cognitivistas e a própria
andragogia defendem que os processos de interação são ricos aliados na
construção de conhecimentos. Assim temos na web 2.0 todo um conjunto
de recursos para promover situações de interações. Porém, mais uma vez
não podemos esquecer que não serão as ferramentas que farão a
diferença e sim o uso que faremos delas.
Temos de lembrar, também, que situações de interação criadas precisam
de pessoas desejosas a interagir. Todavia, ainda temos uma cultura
muito forte de uma aprendizagem passiva, que foi incutida nas pessoas
desde tenra idade.
Isso nos mostra que o desafio vai além de tecnologias e também das
metodologias. Há que se levar as pessoas a refletirem seus esquemas
mentais, a entenderem a importância e os ganhos que terão ao
participarem de processos interativos. Podemos dizer que é uma mudança
cultural de como as pessoas aprenderam a aprender. Falar em mudança de
cultura é mexer fortemente em crenças e verdades. Deu para perceber o
desafio que temos nas mãos?
Mas penso que o fato de estarmos aqui refletindo sobre isso, já mostra
que o caminho está aberto e que pesquisadores como eu e como você,
leitor, podem contribuir para que a geração de nativos digitais e a de
não-nativos possa crescentemente entender e assim usufruir das
possibilidades educacionais da Web 2.0.








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