Virtual, mas também pessoal.
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Data: 10/2009
Título: Virtual, mas também pessoal.
Veículo: Revista Dirigida
Autor: Débora Thomé
Ao contrário do que muitos pensam, é possível estabelecer laços estreitos com colegas e professores na modalidade a distância. Muitas vezes, com maior facilidade do que no esquema presencial Blogs, orkut, chats, fóruns, correios eletrônicos — com tantos indícios assim, não é difícil constatar que o ambiente virtual é propício para pessoas que buscam se relacionar de alguma forma.
Mas por que ainda é vista com reservas a questão do relacionamento interpessoal na EAD? Segundo especialistas, a educação — presencial ou a distância — tem objetivos específicos. “A educação visa a ajudar o aluno à realização de valores morais que o conduzam à ação responsável como cidadão e como um ser que busca sentido para sua existência”, disse a doutora em Educação e professora da Ebape/ FGV, Sylvia Constant Vergara, em artigo “Estreitando relacionamentos na educação a distância”, publicado nos Cadernos Ebape FGV, em janeiro 2007.
No estudo, Sylvia Vergara deixa claro que os relacionamentos em EAD devem provocar a curiosidade no aluno e criar-lhe oportunidades para o fortalecimento de habilidades sociais na interação com outras pessoas. “O desafio é utilizar recursos tecnológicos que apresentem ambientes fomentadores de reflexão. Esses, devem facilitar para o aluno condições que lhe permitam aprender a questionar, a dialogar, a refletir, a criticar, a aprender.”
Problemas e soluções de relacionamento existem em cursos de EAD e também nos presenciais. O fato de professor e aluno estarem fisicamente juntos em uma sala de aula nãosignifica a inexistência de problemas de relacionamento. Mas, ao contrário do que se pode imaginar sem uma experiência efetiva na área, é muito comum que na EAD o ‘face a face’ seja substituído por outra energia, muito mais integradora. A professora Elisabeth Silveira, coordenadora Pedagógica do FGV Online, disse ter percebido ao longo de pouco mais de uma década de trabalho com educação a distância, que o contato entre professor e aluno deve ser mantido e o vínculo afetivo também, independentemente da modalidade.
“É muito comum ouvirmos em depoimentos de alunos que o fato de não se estar ‘visível’ facilita muito essa comunicação.
A timidez, muitas vezes, é a madrasta do bom rendimento em cursos presenciais; o que em EAD acaba tendo um efeito completamente contrário.” Aluna da pós-graduação em Design Instrucional pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas, Rúbia Armelini comprova que a EAD não precisa ter relação com o distanciamento. “Iniciei o curso há alguns meses e já temos marcado o terceiro encontro presencial. Um curso a distância bem planejado também faz nos faz refletir sobre nossa postura como alunos”.
Nesses encontros, é possível conhecer pessoalmente os colegas que se vê apenas por foto nos fóruns. “Por enquanto, mantenho contato com meus colegas pelo ambiente virtual do curso, mas sinto que realmente somos colegas de classe. Já fiz cursos presenciais onde não tive a metade da interação que estou tendo no atual curso em EAD”, disse Rúbia. Elisabeth Silveira concorda: “Principalmente nos segundos encontros presenciais de nossas turmas, seja nos MBAs ou nos cursos de graduação, com alunos mais jovens ou mais maduros, na primeira meia hora é impossível se trabalhar.
Precisamos dar esse tempo a eles, para que se vejam, se toquem, se abracem. É muito bonito ver amizades nascendo, sendo construídas a partir de uma convivência virtual”. Professora da graduação em Pedagogia na Faculdade Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP) Kátia Maria Santana Souto leciona disciplinas presenciais e semipresenciais e acredita, pela sua experiência, que muito da interação depende do perfil do mestre. “O que tenho notado trabalhando com essas duas modalidades de ensino é que se o professor é uma pessoa distante e não se dispõe a ser aberto e amigo dos alunos, a modalidade é indiferente, pois este será uma pessoa que estabelecerá pouca troca afetiva”, disse.








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