Pra olhar a distância bem de perto
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Data: 10/2009
Título: Pra olhar a distância bem de perto
Veículo: Revista Dirigida
Autor: Paulo Chico
Uma entidade voltada especificamente para os alunos de cursos a distância, até então abandonados à própria sorte, uma vez que não foram bem acolhidos na tradicional União Brasileira dos Estudantes (UNE). Assim foi criada a Associação Brasileira dos Estudantes
de Educação à Distância, ABE-EAD, com sede em São Paulo, mas atuação nacional.
Para comprovar que as ações do órgão não são apenas virtuais, e sim efetivas, seu presidente, Ricardo Holz enumera medidas de defesa da qualidade dos cursos em oferta na modalidade, bem como debates junto ao MEC para apoio a estudantes, como no caso
da Unitins, cujos cursos EAD recentemente foram descredenciados. “Como sempre ocorre nestes casos, o maior prejudicado é o aluno”, afirma ele.
Como foram suas experiências com cursos EAD? Quais cursos já fez?
Sempre positivas e inclusivas. Tenho certeza de que, se não fosse a EAD, não haveria sequer concluído o ensino médio, fato que consegui através da modalidade em uma escola pública de Santos. O colégio utiliza os livros do Telecurso 2000 como material de estudos. A falta de tempo e de dinheiro para continuar um curso presencial, de Direito na Unaerp, foi fator predominante na escolha da graduação a distância. O custo menor e os
horários flexíveis tornaram possível minha formação em gestão pública na Fatec, onde iniciei a luta em prol da EAD, participando da fundação da ABE-EAD. Atualmente curso pós-graduação em Gestão Pública e um MBA também em Gestão Pública, ambos através da EAD.
Como vê o trabalho de fiscalização do MEC no setor? Ele vem zelando pela qualidade neste segmento como deveria?
Fiscalizar, regular e cobrar melhorias na qualidade dos cursos é de vital importância para a EAD no Brasil. No entanto, a forma como o MEC está procedendo é completamente equivocada - e potencialmente prejudicial para o setor. O modelo que o MEC tenta implantar no país, que é um modelo semipresencial, engessa a EAD no modelo presencial e mata a essência da modalidade, que é efetivamente a de ir onde o aluno está. Sem falarmos nas diversas realidades existentes no Brasil afora, onde a modalidade
é condição única de se proporcionar educação superior. Justamente os locais mais distantes e os municípios menores são os prejudicados por este modelo imposto pelo MEC, penalizando milhões de estudantes, uma vez, tendo que implementar uma espécie de mini campus em cada polo que tiverem, as IES vão preferir os municípios que ofertarem melhores condições de retorno, exatamente como é feito hoje no ensino presencial.
Na prática, quais são as principais críticas e queixas feitas pelos estudantes de EAD?
As principais críticas são a respeito do preconceito e da discriminação que sofrem os alunos e os formados em cursos de EAD. Os absurdos são inúmeros e vão desde o direito ao vale-transporte escolar que não é reconhecido, passando pelos conselhos profissionais que proíbem o ingresso destes alunos em seus quadros. Sem os registros profissionais eles não podem atuar, chegando até ao absurdo de, em alguns casos extremos, seus diplomas não serem aceitos para fins de concursos públicos. Todos estes horrores obviamente são ilegais e, mesmo assim, ocorrem em todo o Brasil, muitas vezes por pura ignorância e falta de conhecimento da metodologia. Outro ponto que domina a cabeça dos estudantes é a dúvida sobre a validade do diploma e do reconhecimento de seus cursos. Temos também muitas críticas que dizem respeito ao mau funcionamento do setor de atendimento ao aluno, na logística de distribuição do material didático e na demora das respostas de alguns professores.
Como vê o trabalho realizado pela Abed, dirigida pelo Fredric Litto, e pela Aced, comandada pelo Chiarelli? Concorda com a crítica de que essas instituições são mais políticas do que técnicas? Haveria espaço para uma outra instituição com esse perfil, mais incentivador e propositivo?
E quanto à própria ABE-EAD? Acredita que ela tem a devida representatividade?
Qual o objetivo da ABE-EAD? Como ela se mantém?
A EAD é vista como um bom negócio pelas instituições de ensino, o que ajuda a explicar sua expansão. Teme que esse viés econômico acabe por comprometer a qualidade dos cursos em oferta no Brasil?
Em relação a experiências internacionais, como avalia a EAD hoje praticada no Brasil? Estamos à frente ou ainda atrasados em relação ao resto do mundo?
Há cerca de um ano, o MEC fechou 1.337 polos de EAD em todo o país. Como viu a medida? A ABE-EAD presta algum tipo de auxílio a esses estudantes, ou mesmo fornece informações aos interessados em investir na modalidade?
Muitos estudantes ainda se inscrevem em cursos a distância sem noção prévia das características e exigências dessa modalidade de ensino. Afinal, a EAD é
para todos?
Quais recomendações básicas daria para alguém que pensa em matricular-se num curso EAD?
Ainda há muito preconceito sobre a EAD e sobre os alunos formados na modalidade?
Qual a principal missão a ser cumprida pela EAD no país?
Acredita que caminhamos neste sentido?








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