Descuido pode fazer estudante virar refém do Youtube
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Data: 21/10/2009
Título: Descuido pode fazer estudante virar refém do Youtube
Veículo: Nota 10 - Notícias Diárias de Educação
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Já ficou comum a expressão “cuidado, senão acaba no Youtube”. A rede social de compartilhamento de vídeos ganhou popularidade com imagens de pessoas famosas flagradas em momentos íntimos. No entanto, as amostras ganharam tanta projeção que hoje para acabar sendo protagonista de um vídeo no mínimo constrangedor não precisa ser nenhuma celebridade. Basta cometer um deslize e a tecnologia vem de encontro. São celulares com câmeras acopladas, máquinas digitais prontas para registrar a cena e publicar no Youtube.
Curitiba já ficou conhecida na rede por cenas peculiares envolvendo universitários e recentemente adolescentes do Colégio Estadual do Paraná (CEP), flagrados praticando sexo no banheiro da instituição. O problema de uma suposta invasão de privacidade no ambiente escolar tem atraído a atenção de muitos especialistas e colocado o assunto na pauta de discussões.
Perigo - De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Telefônica, 83% dos adolescentes brasileiros possuem celular e 42% deles têm acesso à internet em casa. Uma mistura perigosa, pois atinge uma camada vulnerável ao mau uso da internet.
Para a psicóloga Leila Sebben, a internet é uma ferramenta importante para os estudos. No entanto, o seu uso deve ocorrer de maneira adequada. “Na área educacional o uso da internet é de extrema relevância, como nas pesquisas, trabalhos científicos e conhecimento geral. Também as curiosidades e até o bate-papo com amigos é saudável. Porém, sua utilização deve ser selecionada e racional. A maior preocupação é que crianças e adolescentes muitas vezes podem não estar maduros o suficiente para discernir sobre o real e o virtual, o bom e o mau, buscando apenas o imediato sem ter a noção das consequências futuras”, diz.
A psicóloga explica que em idade escolar o jovem está em busca de sua identidade, com transformações e adaptações ao seu meio familiar, social e educacional, e que os danos que sofrem por não compreenderem as barreiras entre vida privada e pública, como o caso dos alunos do CEP, são expressivos. “O adolescente deve ter respeito e amor por si e para com os seus. Quando se vê em uma situação de exploração, humilhação, desvalorização, desprezo e rejeição, pode apresentar alterações no seu desenvolvimento emocional e comportamental”, comenta.
Erotização - Segundo a sexóloga Hália Pauliv de Souza, a precocidade a que os adolescentes são submetidos põe em risco a sustentação da vida estudantil. “A tecnologia dos meios de comunicação contribui para a erotização precoce dos adolescentes. O bombardeio de imagens e gestos exerce grande influência nos jovens. Às vezes por não conseguirem diferenciar o bem do mal acabam virando referência na própria internet e discriminados pelos colegas de classe. É um círculo vicioso”, completa.
Leila Sebben ilustra que a melhor estratégia para resolver problemas juvenis de privacidade on-line é a regulamentação dos pais sobre o uso adequado e ético das informações pessoais na web. “O mundo virtual apresenta perigos iguais ao mundo real. Cabe aos pais ou responsáveis estarem atentos e procurarem orientar seus filhos no discernimento entre o bom e o mau uso. Porém, sem nunca deixar de respeitar suas escolhas”.
Os professores são peças fundamentais para auxiliar os adolescentes sobre o uso adequado das tecnologias e internet. “Como ajudam os alunos a desenvolverem experiências e valores, primordiais para o amadurecimento pessoal, contribuem para fazê-los entenderem o risco da invasão de privacidade”, declara a psicóloga.
Os pais nem sempre sabem lidar com problemas relacionados à sexualidade e mais uma vez os professores devem assumir uma postura de mediadores. “Os professores têm mais acesso aos adolescentes do que muitos pais. Conversar com os alunos e explicar que existem certas restrições para a prática sexual é uma forma eficaz de protegê-los da banalização do sexo e conservar integridade da imagem”, conclui a sexóloga Hália.
Embora sejam aplicados todos os cuidados necessários, pode acontecer o inesperado, como uma gravidez não desejada, e o que resta para os pais e educadores é readequar esses adolescentes à sociedade. “Caso aconteça, o aconselhável é realizar um trabalho com o adolescente e sua família. Desenvolver o bem estar pessoal e familiar, a aceitação e compreensão do problema. Dar e receber apoio, criar limites e incentivar o diálogo entre pais e filhos. Se necessária até mesmo a psicoterapia”, completa Leila.








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