Educação Online: Aprendendo o saber
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Data: 09/2009
Título: Educação Online: Aprendendo o saber
Veículo: Revista Dirigida
Autor: Máira Pereira
Costumo escrever sobre o papel do professor de cursos online. Recentemente, tenho sido questionada sobre o papel do aluno. Parece óbvio, mas, se a prática docente online fez surgir um novo perfil de professor, isso se deu porque há um novo perfil de aluno e novas formas de se relacionar com o conhecimento.
Afinal, é somente por meio da relação com o aluno que o professor efetivamente se forma. Como já alertava o educador Paulo Freire, o professor, por se reconhecer inacabado e incompleto, faz e refaz a si mesmo na relação com o outro, sempre de forma ética, inclusiva e respeitosa. Paralelamente, o aluno tem se apropriado, cada vez mais, de seu papel de protagonista e questionado o que é ser um bom aluno online, como viver essa experiência, como planejar seus estudos e se comunicar com colegas e professor. Isso indica a relevância do aluno para o sucesso de cursos online - excelente alternativa para aqueles que não conseguem frequentar salas de aula tradicionais, por limitações diversas. Em um curso online, o aluno precisa atuar como “buscador” do seu autodesenvolvimento.
Isso significa tomar para si a responsabilidade por cumprir com a agenda de estudos e de atividades, sem delegar esse papel. Um curso online requer perfis autônomos, o que pode fazer com que alguns se ressintam pela falta de figuras que cobram prazos e digam o que deve ser feito. Essa lacuna pode ser resultado de nossa história recente, em que o saber vinha do mestre, a quem não se devia questionar. Nela, pouco se valorizava a singularidade e a riqueza das experiências do aluno. Como, então, ser um bom professor online se ainda temos em mente um modelo anterior no qual cabia apenas ao mestre ensinar? Como mediar a aprendizagem se não há comunicação entre alunos? Contando com a motivação, fator fundamental para o êxito de um aluno online. Sabemos que a motivação é uma força intrínseca e que se traduz em comprometimento e trabalho colaborativo. Somente a metodologia baseada em interação e em colaboração coloca o aluno (e sua motivação) no centro do processo e o professor como companheiro de estudos.
Já nos cursos de longa duração, como MBAs e CBAs, um workshop presencial foca em temas como comunicação interpessoal e promove o clima de colaboração
entre os alunos. O professor online apresenta- se ao grupo e recomenda ações que facilitarão a inclusão dos alunos na experiência de aprendizagem, enquanto os alunos se apresentam, relatam suas experiências e expõem expectativas. Assim, possíveis angústias vêm à tona e tornam-se passíveis de solução. O acesso e a participação dos alunos são monitorados e acompanhados pelo olhar atento dos professores online. Caso o aluno deixe de acessar o curso por mais de uma semana ou não participe de atividades propostas, é acionado para que se identifiquem as causas do afastamento e se ofereça apoio.
Os próprios alunos podem assumir papel de “resgate” de colegas de turma sumidos, enviando-lhes mensagens que manifestam o pesar pela ausência e o encorajamento pelo retorno à participação. Para todos os atores envolvidos no processo, sejam alunos ou professores, é preciso aprender a aprender. Não temos todas as respostas, mas é preciso se lançar nessa experiência de forma consciente, orientados pela recomendação de Paulo Freire. “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.”
* Coordenadora Acadêmica de Tutoria do Ibmec Online; Mestre em Administração Pública e Empresarial pela EBAPE – FGV, com pesquisa em gestão de competências; Psicóloga pela UFRJ








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