EaD na Amazônia
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Data: 09/2009
Título: EaD na Amazônia
Veículo: Revista Dirigida
Autor: Paulo Chico
São cinco milhões de quilômetros quadrados, que totalizam quase 60% do território nacional. Números da chamada Amazônia Legal, área que abrange total ou parcialmente nove estados do país. No maior deles, o Amazonas, registra-se a densidade de apenas 2,05 habitantes por km2.
Traduzindo: por toda essa região, as distâncias são superlativas. E superá-las, levando oportunidades de ensino a locais de difícil acesso, é tarefa que começa a ser vencida pelas tecnologias aplicadas à educação. “A importância da educação a distância na Amazônia é vital, até mesmo no sentido de melhor integrá-la, via tecnologia, ao restante do país. A EAD, nos últimos oito anos, avançou de forma expressiva na região. Neste contexto, diferentes tecnologias e mídias levaram conhecimento a áreas até então isoladas. As iniciativas feitas em todos os níveis de ensino, do fundamental ou superior, evidenciaram que essa modalidade não é apenas promessa, mas uma solução já em execução. O uso de impressos, comunicação síncrona e via satélite ocorrem com propriedade”, afirma Robson Santos da Silva, psicopedagogo com especialização em gestão escolar e produção de material didático para EAD.
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas, professor e pesquisador da Universidade Paulista (Unip) e consultor de EAD em diversas instituições, Robson fala das dificuldades de implementar o sistema numa região tão ampla, com pouca densidade populacional e carente de recursos e estrutura. “Temos grande complexidade logística devido às imensas distâncias que separam as comunidades e cidades, além da dificuldade de uso de comunicação digital, particularmente a internet. Na maioria dos estados, com destaque para o Amazonas, as vias de deslocamento da população são os rios.
Atualmente, só para que se possa ter ideia da dimensão do que isso representa, basta considerarmos que uma viagem de Manaus a São Gabriel da Cachoeira, de barco, pode levar até cinco dias”, relata. Gradativamente, há bons avanços na busca pela melhoria do sinal de internet, com destaque para os investimentos federais. Mas ele ainda está muito aquém das necessidades. Desta forma, o uso do satélite para vídeoconferências, apesar de mais caro, vem sendo a solução utilizada por diferentes iniciativas. Espera-se que, nos próximos anos, a internet avance e torne mais econômico o processo de comunicação na região, que em 100% das iniciativas ainda tem no material impresso seu principal instrumento.
Apesar das dificuldades, a Amazônia está repleta de experiências de sucesso da EAD. “No ensino fundamental e médio destacam-se as experiências do Colégio Militar de Manaus, das Secretarias de Educação dos Estados do Acre e do Amazonas e do Programa Federal ETEC Brasil. Para o ensino superior e pós-graduação, além das mais de 57 instituições privadas que atuam na região, temos a ação da Universidade Estadual do Amazonas e da Universidade Aberta do Brasil, particularmente, na formação de professores. Em termos de cursos livres, o Sebrae do Amazonas tem viabilizado a melhoria dos padrões e qualidade de produtos e serviços de milhares de empresários e colaboradores”, conta Robson, que também é diretor da Abed. Atualmente, mais de 127 comunidades em toda a Amazônia são atendidas por meio de alguma iniciativa que utilize a EAD. O traço comum a todas elas é o isolamento face aos problemas já citados.
Neste contexto, merecem destaque as comunidades ribeirinhas, indígenas e os pelotões militares de fronteira. Sem a EAD, estima-se que mais de quinze mil pessoas, em diferentes níveis educacionais, não estariam tendo acesso ao ensino.Além disso, o uso de computadores, internet e outras tecnologias proporcionam maior contato com o mundo. E geram nessas pessoas a certeza de pertencerem a um país chamado Brasil. Observa-se que a EAD não só educa, mas também possibilita a inclusão social. E, se promovem a integração de regiões isoladas dentro da Amazônia, o que as tecnologias podem levar como ensinamentos dessas experiências para o restante do país? “Ao contrário do que se possa pensar, a Amazônia tem muito a ensinar. As dificuldades dessa exuberante área fizeram com que os que aqui trabalham tivessem que fazer esforços maiores para que o sucesso pudesse ser alcançado.
Conhecer essas dificuldades e as formas de superá-las pode ajudar a outras regiões do Brasil e do mundo a evoluírem seus processos administrativos ou pedagógicos. O apelo pela preservação e desenvolvimento sustentáveis traz desafios únicos e inigualáveis. Participar dessa busca pela superação produz uma satisfação pessoal que pode ser experimentada por todos os brasileiros”, conclui Robson, que também é Major e coordenador da Seção de Ensino a Distância do Colégio Militar de Manaus. 2.320 alunos. Esse é o número de jovens estudantes já atendidos pelo Colégio Militar de Manaus (CMM) na vasta fronteira da Amazônia e no Exterior. É um dos doze colégios que compõem o Sistema Colégio Militar do Brasil, que possuem como órgãos diretores a Diretoria de Ensino Preparatório e Assistencial (DEPA) e, mais acima, o Departamento de Educação e Cultura do Exército. Seu objetivo é oferecer a educação básica regular aos filhos e dependentes de militares que sofrem as consequências de frequentes movimentações, em todo território nacional ou até mesmo para fora do país.
Em 2002, o CMM foi escolhido para ampliar as ações na área de educação a distância com o objetivo de prestar assistência ao seu público-alvo em toda a Amazônia. Em 2004, o projeto se estendeu também para os jovens que acompanham seus pais no exterior. Assim, em sete anos, foram desenvolvidas ações de EAD em 38 localidades nos estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima e Acre. E também em 33 países, como Chile, El Salvador, México, EUA, Canadá, Polônia, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália, Rússia, Egito, China, Japão, Indonésia, Moçambique e Áfricado Sul. Literalmente, de Manaus para o mundo. A falta de escolas em algumas localidades especiais de fronteira, a educação específica para a comunidade local (educação indígena, por exemplo) ou ainda a realidade específica de outros países, implicando em estrutura curricular diferente em relação ao Brasil, são fatores que justificam plenamente o desenvolvimento das iniciativas de EAD.
Atualmente, o CMM, sob o comando do Coronel Manuel Anselmo Zózimo de Abreu, conta com 410 jovens que utilizam para seus estudos diferentes mídias, com destaque para os materiais impressos, CD-Rom, DVD e Ambiente Virtual de Aprendizagem. A adaptação ao sistema foi plena, tanto por parte dos alunos quanto pelos docentes. O uso de portal destinado à educação online, além das possibilidades oriundas de suas características básicas destinadas à gestão de sistemas de aprendizagem e portal de informações, possui funcionalidades que possibilitam interatividade dos professores com os alunos e destes entre si, além da redução média de 30% dos gastos com transportes e tempo do fluxo logístico.
Na Amazônia, face a inúmeras peculiaridades, essas conquistas tornam-se ainda mais importantes. Condições logísticas incomparáveis, enormes distâncias geográficas e alto custo nas comunicações fazem com que as medidas que visem à melhoria dos processos educacionais nessa região sejam cuidadosamente estruturadas para poderem ser potencializadas ao máximo. Neste contexto, os ambientes virtuais de aprendizagem, construídos com base na internet, vêm apontando para soluções interessantes, tanto por sua versatilidade quanto pela capacidade integradora e promotora da interatividade. Jogos, filmes, atividades lúdicas e informações puderam chegar a todos os alunos, universalizando o acesso aos conteúdos com pleno êxito.
“A modalidade do ensino a distância, conciliada ao desenvolvimento de inúmeras ferramentas tecnológicas, particularmente às ligadas à internet e aos softwares que podem ser armazenados em CD-Rom e DVD, são capazes de oferecer soluções adequadas ao contexto amazônico e, consequentemente, a todos os países da América Latina que enfrentam problemas semelhantes, uma vez que todos compõem um grupo de países em desenvolvimento”, afirma o coordenador da Seção de Ensino a Distância da instituição, Major Robson Santos da Silva.








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