05 junho 2010

Professores enfrentam tripla jornada para conseguir diploma

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Data: 5 de Junho de 2010
Título: Professores enfrentam tripla jornada para conseguir diploma
Veículo: O Estado de São Paulo
Autor:

Em São Paulo, 1.350 docentes da rede pública cursam graduação em
Pedagogia a distância pela Univesp
Carolina Stanisci ESPECIAL PARA O ESTADO.
Fábia Cristina Mortean de Medeiros, de 29 anos, passa longas horas
fora de casa. Na maior parte do tempo está em três salas de aulas ? em
duas, ela é professora e na terceira, aluna. Com uma rotina parecida
com a de Fábia, 1.350 professores da rede pública de São Paulo cursam
Pedagogia a distância e enfrentam uma jornada tripla para conquistar o
diploma de ensino superior. Pedagogia semipresencial, o curso de
Fábia, foi a primeira graduação criada pela Universidade Virtual do
Estado de São Paulo (Univesp), em parceria com a Universidade Estadual
Paulista (Unesp), num projeto do governo estadual para expandir o
acesso ao ensino superior. Para professores como Fábia, foi uma
solução. Ela não conseguiria frequentar todos os dias a aula à noite,
pois já trabalha em duas escolas. Fábia se desdobra para conseguir
fazer as lições pelo computador em casa e duas vezes por semana tem de
marcar presença na aula.
"Gosto bastante de estudar. Todo dia falo para mim "não vou fazer mais
nada", mas acabo fazendo alguma coisa", afirma. Alguma coisa, para
Fábia, significa acordar às 6 horas em Teodoro Sampaio, no interior
paulista, para dar aulas em uma escola técnica em sua cidade. Às 9
horas, ela já está a caminho do distrito de Planalto do Sul, a 30 km
de distância, onde é coordenadora de outra escola. Duas vezes por
semana, a professora pega um ônibus para Presidente Prudente, a 120 km
de Teodoro Sampaio, onde fica o polo presencial do curso. A aula vai
das 19 até as 23 horas.

Rotina parecida à de Fábia enfrenta Patricia de Souza, de 23 anos. Ela
mora em Itaberá, também no interior. Trabalha pelas manhãs em uma
escola municipal, na área de educação infantil. À tarde, dá aulas para
a 3.ª série do ensino fundamental em um colégio particular. Duas vezes
por semana, Patricia sai correndo da escola para pegar a tempo um
ônibus para Itapeva, a 36 km de sua cidade. "Compensa o esforço, pois
além de o curso me dar uma base para o trabalho, meu salário também
vai subir." Como Fábia, se o curso não fosse virtual, Patricia não
acompanharia as aulas. Ela já havia tentado cursar Pedagogia, mas não
conseguiu: "Não dava tempo." Fábia é exceção em sua turma, pois já tem
curso superior. Fez Letras e pós-graduação em Literatura e Língua
Portuguesa em instituições privadas. Mesmo assim, considerou
importante se especializar no assunto com o qual trabalha. Esquema. O
curso da Univesp é 40% presencial e 60% a distância. Nas aulas
presenciais, os estudantes contam com o apoio de um orientador que
explica como usar o ambiente virtual. O material de apoio consiste em
uma apostila com textos de doutores em Pedagogia. Os alunos também
assistem a programas curtos produzidos pela TV Cultura. No site, fazem
atividades, leem textos complementares e têm até um diário de bordo,
onde registram impressões sobre o curso. "O material está todo
digitalizado no ambiente virtual. Brinco que se os alunos quiserem ir
à praia, só precisam carregar o computador", afirma o coordenador do
Núcleo de Educação a distância da Unesp, Klaus Schlünzen Junior. O
único porém do curso é o acesso a livros de papel, como relata
Cristiane, que é auxiliar de desenvolvimento infantil numa creche. No
polo presencial de Tupã, não há biblioteca especializada em Pedagogia.
Se ela precisa consultar alguma publicação, tem que fazer um pedido
para uma biblioteca de outro polo. O secretário do Ensino Superior,
Carlos Vogt, diz que pretende ampliar o acesso a bibliotecas, mas sua
maior aposta é no virtual. ="Estamos constituindo acervos virtuais
para que o aluno possa baixar o livro."

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