30 outubro 2009

EAD Vai ao Médico

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Data: 10/2009
Título: EAD Vai ao Médico
Veículo: Revista Dirigida
Autor: Paulo Chico

Não é para se consultar. E, sim, para ajudar na atualização e na formação complementar desses profissionais. E até revolucionar alguns procedimentos clínicos e cirúrgicos

Delírio tecnológico? Ficção científica? Ou, simplesmente, o futuro batendo à porta, querendo fazer-se presente? Pois é nesse tempo verbal, que registra o que acontece agora, que ocorre o encontro entre as ferramentas de ensino a distância e um novo espaço.

A formação médica, e até mesmo os procedimentos desses profissionais, começam a ser transformados em escolas e unidades de atendimento mundo afora. Inclusive no Brasil.

O Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa é mantido pela Sociedade Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio Libanês (HSL) de São Paulo, sendo credenciado pelo Ministério da Educação para a oferta de programas de pós-graduação lato sensu na área da saúde. Desde quando se constituía como centro de ensino do HSL, na década de 70, promove estudos e pesquisas na área da saúde e desenvolve atividades de ensino, em diferentes formatos, como congressos, jornadas e cursos teóricos. E, é claro, ações de estudo a distância.

“Nós temos desde a transmissão de conferências, eetings, cirurgias e reuniões científicas, até a busca de segunda opinião médica nacional e internacional. Desde 2007 incluímos em grande parte de nossas pós momentos síncronos e assíncronos a distância. Integralmente em EAD, oferecemos um curso de atualização, com 144 horas de atividades em Saúde Baseada em Evidências, destinado à Anvisa. Ele se diferencia por exigir um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) para obtenção do certificado. Em 2008, foram apresentados 1 mil TCCs e em torno de 900 estudantes obtiveram certificados. Esse ano temos 3 mil matriculados”, afirma Maria Silvia Saliba, gerente de ensino do instituto.

Mais do que apenas o ensino, Maria Silvia defende que se pense, fale e reproduza saúde a distância. Não por acaso, muitas das reuniões de foco científico e até debates de raros casos clínicos feitos no HSL ultrapassam as dependências físicas do hospital. Chegam a outros centros de excelência e a outros especialistas, que colaboram na elaboração de diagnósticos mais precisos. É a tecnologia a serviço da democratização do acesso ao conhecimento
médico.

“O Instituto Sírio Libanês, no ensino, faz uso frequente de algumas ferramentas. Utiliza a videoconferência, que permite interatividade em tempo real, com vários participantes, em diferentes localidades, associada a uma metodologia que incentiva a participação dos envolvidos. Outra ferramenta que utilizamos é o videostream, além da plataforma de educação a distância”, explica Maria Silvia Saliba, para quem o país ainda precisa superar o obstáculo da deficiente infra-estrutura na área de tecnologia.

“Noto, em razão de trabalharmos com as mais remotas localidades do Brasil, uma dificuldade de acesso, ainda, a uma boa tecnologia. Isso acaba dificultando as coisas. Ao médico vai importar a qualidade do acesso. Banda, velocidade, facilidades, agilidade e interatividade dos recursos. Obviamente, hoje, uma geração produtiva dos médicos não é da turma do PC. Mas, felizmente, não noto dificuldades de adaptação deles, quando se oferece um bom recurso”, diz a gerente de ensino do Instituto Sírio Libanês.

A graduação em Medicina no Brasil é essencialmente presencial. A legislação permite que 20% da carga horária dos cursos sejam cumpridas a distância. Mas, na prática, mesmo essa parcela não é oferecida atualmente. “Nossos alunos contam com o apoio de tutores. A depender do curso, são formados grupos de alunos por temas, ou áreas de interesse, que trabalham a distância, tutoriados por especialista no assunto.Nossos TCCs são orientados a distância. Em linhas gerais, nossos estudantes são profissionais da saúde de localidades distantes de São Paulo, de outros estados, principalmente do Norte e Nordeste, vinculados a instituições públicas”, Maria Silvia traça o perfil.

Se já começam a ser utilizadas no âmbito da formação dos médicos, de que forma as tecnologias da EAD poderão alterar os procedimentos, por exemplo, dentro de uma sala de cirurgias? O robô Da Vinci, adquirido por vários hospitais, inclusive no Brasil e pelo HSL, onde estreou em março de 2008, pode facilmente nos levar a pensar em cirurgias a distância. Embora, por enquanto, tenha sido utilizado presencialmente pelos médicos, tendo como principal benefício a precisão de manuseio.

Em uma cirurgia robótica, os cortes são menores que um centímetro. Em uma laparoscopia convencional, a incisão é pelo menos dez vezes maior que isso. Tal precisão reduz sangramentos, dores e acelera a fase de recuperação, além de baixar os riscos de infecção hospitalar. “Quando se fala em telemedicina pensamos ainda na possibilidade de consultas e diagnósticos por imagem a distância. Recentemente, até foi previsto um cenário futurista com tudo ‘chipado’, de músculos cardíacos a cérebros humanos, alimentando uma rede de acesso, em tempo real, às mais diferentes informações de saúde”, aposta ela. Em se tratando de tecnologia, não há razão para duvidar. Quem viver, verá.

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