26 julho 2010

Estudar em IES estrangeira não exige sair do País

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Data: 26 de Julho de 2010
Título: Estudar em IES estrangeira não exige sair do País
Veículo: Portal Universia
Autor: Bruno Loturco

As vantagens de ostentar no currículo um diploma obtido em instituição estrangeira nem sempre exigem que o profissional passe uma temporada no exterior. Para tanto, é possível usufruir das possibilidades oferecidas pela EAD (educação a distância), que permite fazer cursos no exterior sem a necessidade de sair do Brasil. A alternativa pode ser interessante para, por exemplo, profissionais que não têm a oportunidade de se afastar do trabalho por períodos muito longos, cujos custos de viver no exterior não caibam no orçamento ou para aqueles que não podem ou querem deixar a família por alguns meses. "Num programa fixo essas chances não existem. Essa é uma oportunidade de vivência com pessoas no exterior, com conteúdos atualizados e que têm a contribuir com a atuação no mercado", acredita a professora Adriana Barrozo, coordenadora do núcleo de EAD da Universidade Metodista. Por outro lado, profissionais brasileiros que trabalham no exterior também podem se interessar em fazer cursos a distância oferecidos por escolas e universidades brasileiras.
De acordo com a professora Cristiane Alperstedt, diretora da EAD da Universidade Anhembi Morumbi, essa situação é bastante frequente nos cursos dessa modalidade oferecidos pela instituição. "Esses alunos fazem dessa forma porque têm expectativa de voltar ao País e querem um diploma que tenha validade aqui", analisa ela. Nesse caso, ela explica que as avaliações são presenciais e que o calendário é informado previamente.

Diploma - A validade do diploma, aliás, é um dos pontos que podem gerar controvérsia ao ponderar as vantagens para brasileiros que queiram estudar em instituições estrangeiras via EAD. Isso porque, para que um diploma seja válido no Brasil, ele deve passar por um processo de revalidação junto ao MEC (Ministério da Educação). E tal processo só é deflagrado para cursos que tenham equivalentes no Brasil. "Como ainda não temos cursos totalmente a distância reconhecidos no Brasil, é preciso tomar cuidado com esse aspecto", alerta a professora Lígia Silva Leite, integrante do comitê científico da ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância). A ressalva de Lígia é endossada por Adriana, para quem a legislação brasileira está muito atrasada com relação à internacionalização da educação tanto na graduação quanto na pós-graduação e também por exigir momentos presenciais em cursos EAD. "Há uma série de limites e entraves ao reconhecimento dos diplomas. Nem apenas pela mobilidade, mas pela matriz curricular, a carga horária. Nossa legislação ainda não permite muito o intercâmbio com o exterior que já vem sendo praticado por outros países, inclusive entre nossos vizinhos sul-americanos", lamenta ela.

As limitações brasileiras esbarram, ainda, na tendência da EAD, que faz os cursos migrarem para um formato semi-presencial, conforme conta Lígia. "A EAD evolui para o sistema misto, com aulas presenciais. Pelo menos algumas vezes tem que haver encontro com o orientador, mas a quantidade de encontros varia conforme o modelo pedagógico", explica ela. A professora da Metodista acredita que é devido a essas dificuldades que esse tipo de curso é mais procurado por pessoas que não estão interessadas na titulação. "O foco desses alunos é no conhecimento, no que agrega em termos de possibilidades no mercado de trabalho, de contatos. Mas para o currículo acadêmico, não agrega nada. E ser professor universitário pode ser oportunidade de trabalho para qualquer profissional", alerta ela.

Alternativa à validação foi encontrada pela UnisulVirtual (Universidade do Sul de Santa Catarina), que mantém o curso a distância de Ciências da Educação em parceria com a Universidade Ca'Foscari de Veneza, na Itália. Parte do programa Alfa II, com financiamento da Comissão Europeia, o curso proporciona dupla titulação e tem como objetivo o aperfeiçoamento da didática de professores de diversos níveis de ensino. "Como o diploma é reconhecido em seu país de origem, tem validade também no Brasil, como especialização Unisul", explica Carmen Pandini, tutora da UnisulVirtual. Para eliminar os momentos presenciais, Carmen conta que a estrutura foi adaptada. "Por exigência do MEC, as avaliações são presenciais, mas realizadas no Brasil", diz. Uma das alunas desse curso é Eloísa Machado Seemann, que conta ter realizado a escolha a partir da grade curricular. "Não foi o fato de o título ser valido para a Itália que me fez escolher. Gostei da disciplina e o fato de discutir a educação no Brasil e no mundo", afirma. Segundo ela, havia outros cursos que a interessavam, com custo semelhante.

Cuidados na escolha - Além da impossibilidade de validação do diploma para cursos totalmente a distância, o aluno interessado em fazer cursos nessa modalidade precisa atentar para outros fatores. Para a professora Lígia, da ABED, é importante buscar cursos e instituições que ofereçam conteúdos diferentes do que existem no Brasil. "Temos cada vez mais cursos EAD, o que diminui a necessidade de fazer fora. É interessante quando se trata de uma especificidade que não tem aqui", observa ela. Segundo Lígia, a preocupação com a relevância do conteúdo também precisa ser constante porque existe muito conteúdo disponível gratuitamente na Internet. Ela se refere às plataformas OCW (Open Courseware), em que instituições consagradas, como o MIT (Massachusetts Institute of Technology),oferece todo o conteúdo de aulas na Internet. Já a qualidade depende não apenas do conteúdo, mas da idoneidade da instituição, da metodologia de ensino utilizada, do acesso aos materiais didáticos e da tutoria. "Acredito muito no modelo EAD quando há suporte bem presente", ressalta Adriana. Por isso, explica ela, é essencial saber como será a interação, como é a organização da universidade e como ela pode atender, se haverá suporte local e tutoria de qualidade. "Quando a instituição é estrangeira, tem de elucidar a questão do suporte para saber bem quem ajudará nos momentos de dificuldade, quem estimulará o aluno", diz ela. De acordo com Adriana, o suporte é um dos fatores mais importantes para a seleção do curso e da instituição e seria esse o aspecto de diferenciação. Para ela, com muitos conteúdos oferecidos gratuitamente, o que agregaria valor à educação seria a mediação feita pelo professor, que facilitaria absorção da informação na forma de conhecimento. "Se o modelo se restringir ao envio de material didático, esquece. O aluno não precisa pagar para ficar sozinho com um monte de material", resume ela.

Confira algumas instituições estrangeiras que oferecem cursos a distância: - Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Peru) - UNED (Universidad Naciona de Educación a Distancia) (Espanha) - Nova Southeastern University (Estados Unidos) - MIT (Massachusetts Institute of Technology) (Estados Unidos) - University of Cambridge (Reino Unido) - Unicaribe (Universidad del Caribe) - Harvard University (Estados Unidos) - Universidad Nacional Autónoma de México (México) - UNAD (Universidad Nacional Abierta y a Distancia) - Wawasan Open University (Malásia) - Open Universities (Austrália)

1 comentários:

Anônimo,  7 de setembro de 2010 às 12:33  

gostaria faser gestão publica no exterior. pois moro distante de faculdades.

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