Alunos precoces: Jovens buscam cada vez mais cedo uma especialização para encarar o competitivo mercado de trabalho
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Data: 22 de Junho de 2010
Título: Alunos precoces: Jovens buscam cada vez mais cedo uma especialização
para encarar o competitivo mercado de trabalho
Veículo: Folha Dirigida
Autor: Paola Azevedo
Ser doutor aos 40 anos de idade era o sonho de muitos há alguns anos atrás, quando o mestrado era ainda algo distante para a grande maioria dos estudantes. A própria graduação era privilégio de poucos e toda a especialização após o nível superior era pensada com calma, ao longo dos anos. Com a globalização e o aumento da oferta de trabalho, cresceu também a necessidade de novos e maiores conhecimentos, já que a procura pelas vagas também aumentou significativamente. E o jovem de hoje tem pressa. Em épocas em que o diploma de graduação não é mais uma garantia de inserção no mercado profissional, os jovens buscam cada vez por mais qualificação e cada vez mais cedo. Atualmente, muitos deles já saem da graduação com um pé na pós-graduação. Outros
tantos, cursam o nível superior em paralelo com um curso de especialização ou mestrado. É a corrida contra o tempo na busca por mais conhecimento e pelo sucesso imediato na carreira profissional.
As amigas Carine Cardinelli e Camila Boechat são duas entre as muitas jovens que se encaixam nesse perfil. Aos 22 anos de idade, cursam a pós-graduação concomitante à graduação. Carine cursa o penúltimo período de Nutrição na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
faz especialização em Nutrição Clínica, na mesma instituição. O segundo curso, que se iniciou em março deste ano, é, para a jovem, uma forma de se destacar no mercado de trabalho. "Atualmente, nós não podemos perder tempo. Cada vez mais o mercado pede uma pós-graduação.
Antigamente, a graduação era mais difícil. Hoje em dia, a maioria das pessoas já tem um diploma de nível superior e a pós entra como um diferencial. Eu vejo como algo muito necessário, muito importante, diria que é uma continuação da graduação", afirma a estudante.
Já Camila, aluna do oitavo semestre de Enfermagem na Universidade Gama Filho, concilia o curso superior com a pós graduação em Saúde da Família na Faculdade Souza Marques. "Resolvi cursar os dois ao mesmo tempo quando eu vi que iria precisar de uma pós-graduação depois que
me formasse. Este foi o momento em que eu tive oportunidade. Estou com tempo para cursar e com condições financeiras de bancar os dois cursos", conta a estudante, que tem aulas na graduação às terças e quartas na parte da tarde e na pós-graduação aos sábados, além de
fazer estágio na Gama Filho, todos os dias, das 7h30 às 12 horas. Para Carine, o fator tempo não é problema. A futura nutricionista explica que está sendo possível cursar a graduação ao mesmo tempo da pós-graduação porque, nos últimos períodos de Nutrição, as horas de aula são substituídas por estágio obrigatório, três vezes na semana.
Além disso, a fato de seu curso ser em horário integral, facilitou a estudante a se acostumar com a rotina. "Acho que a universidade pública, ainda mais quando se trata de cursos com horário integral como o de Nutrição, nos ensina a lidar com a questão do tempo. Estou muito acostumada a ter o dia cheio. Com os dois cursos ficou até tranquilo, sobram ainda dois dias para outras atividades", conta Carine que reserva suas noites de folga para se dedicar ao curso de Espanhol.
Escolha de olho no futuro - "É verdade que não sobra muito tempo livre, mas é bom porque não tenho tempo ocioso. Acaba sendo domingo o único dia para descansar. Pesando os prós e contras, os prós ficam muito mais evidentes", justifica. Camila considera o fato de cursar a graduação e a pós ao mesmo momento positivo. "Dá tempo de se dedicar aos dois. Eu vejo que, estando ainda na universidade, levo vantagens por estar tudo fresco na minha cabeça", declara. As amigas, que
estudaram juntas durante todo o ensino médio, encaram essa nova fase acadêmica pensando no futuro e levando em consideração os aspectos do mercado organizacional atual. "Além da necessidade de me especializar, sinto que saímos da universidade com algumas lacunas no que diz respeito ao conhecimento. A pós-graduação passa uma segurança maior, conceitos novos, um aprofundamento maior. Alguns conceitos aprendidos na universidade, são passados de outra forma na pós-graduação, sob outro ângulo. Pretendo fazer uma outra especialização ou mesmo tentar um mestrado", comenta Carine.
Camila, que pensa em seguir a carreira pública, sabe que o diploma da especialização é fundamental em alguns casos. "Atualmente, um diploma de pós-graduação é exigência em muitos concursos públicos. É a chance também de mais oportunidades de emprego. Além disso, descobri uma área que gosto, que me identifiquei e quero estar sempre atualizada", destaca. E ela não pensa em parar por aí. "Já penso em fazer outra pós-graduação, assim que terminar essa. Na área de Saúde é muito importante se atualizar. Pretendo estar sempre estudando para fazer a
diferença no mercado de trabalho", acrescenta. O que se percebe é que as turmas de pós-graduação, antes compostas por pessoas de idade mais avançadas, são agora, cada vez mais, compostas de jovens, seja os que ainda estão cursando o ensino superior, seja os que acabaram de sair da universidade. Camila Boechat vê com naturalidade as mudanças.
"Assim que entrei na pós- graduação pensei que fosse encontrar pessoas mais velhas. Me surpreendi com a quantidade de alunos que estão também finalizando a graduação ou mesmo recém-formados. Acho que é mesmo a tendência do mercado atual". Estudioso na área de formação de jovens e professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas publicas e
Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Gaudêncio Frigotto acredita que, mesmo sendo uma tendência e quase uma exigência do mercado atual, é complicado falar em pós-graduação em um país onde a educação, em geral, não é acessível a todos.
Mercado exige melhor preparação "Eu acho que, no Brasil, falar de juventude é complicado, temos várias juventudes diferentes. Os jovens do campo, por exemplo, quando muito, completam a educação fundamental. É negada, precocemente, a educação a eles. Mesmo na classe média, não são todos os que chegam a uma universidade. Vemos isso pelos números, apenas cerca de 13% dos brasileiros ingressam em uma universidade". Gaudêncio concorda que os jovens de atualmente precisam realmente de mais conhecimento, tendo em vista o mercado cada vez mais competitivo. "É um fenêmeno mundial, já que os empregos de valor agregado, ou seja, aqueles que oferecem maiores salários, estão escassos e isso se explica pela mundialização do capital. Antigamente, 20, 30 anos atrás, os pais desses estudantes ocupavam cargos importantes em bancos, empresas públicas. Hoje, os jovens não têm mais esse espaço. Poucos desses cargos, hoje, são ocupados por brasileiros", pondera. Em um de seus estudos, "Juventude com vida provisória e em suspenso", Gaudêncio divide os jovens em dois grupos. "Há aqueles que entregam sua juventude se especializando, fazendo mestrado, depois MBA e todos os cursos que estão ao seu
alcance para obter uma vantagem no mercado e tem aqueles que jogam a toalha", explica.
O educador diz que a especialização passou a ser necessária. "Não é uma questão de ser positiva ou negativa, é uma questão de necessidade. Hoje, a pessoa que tem um plus, seja uma especialização, um curso de idioma a mais, um estágio no exterior, é a que busca o mercado de
trabalho. O estudo, em si, é positivo. Negativa é a concorrência, a desigualdade nas condições de ensino. Infelizmente, é uma minoria que pode seguir essa tendência", comenta. "Penso que há
uma multidão de jovens querendo se especializar, mas não há recursos financeiros para isto. Estamos falando da grande maioria dos jovens do país", acrescenta o especialista.
Como escolher um bom curso? - Em meio a tanta procura pela pós-graduação cresce também a oferta. Cada vez mais as universidades têm oferecido esses cursos. Com o aumento no número de cursos, ofertados por muitas instituições de ensino, é preciso ficar atento à qualidade. Ao escolher, o futuro pós-graduando deve levar em consideração aspectos como o corpo docente, projeto pedagógico, estrutura e a própria instituição. Para Fernando Arduini, professor diretor do Instituto A Vez do Mestre, da Universidade Candido Mendes, avaliar a instituição é uma das principais questões na hora de escolher um bom curso de pós-graduação. "O estudante deve levar em consideração a instituição que oferece o curso. É importante ver há quanto tempo ele vem sendo oferecido, quantas turmas ele já formou, sua tradição no ensino. Ele deve se concentrar na instituição e no seu tempo de mercado. Se a instituição já formou muitos profissionais, isto é sinal de qualidade", sugere Arduini, acrescentando que esta não é uma tarefa fácil. Muitos alunos optam por pesquisar sobre o corpo docente da universidade que oferece o curso. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) acompanha anualmente as realizações e desempenhos de todos os cursos conferindo uma nota a cada três anos. São considerados qualificados os cursos que, em uma escala de 1 a 7, recebem nota superior a 3. Além disso, para saber mais sobre o corpo docente da instituição, o Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), disponibiliza, também em seu portal, o currículo dos professores, com informações de sua vida pregressa e atual.
Na visão do diretor do Instituto A Vez do Mestre, a pesquisa sobre os professores não é boa opção, já que os estudantes não possuem muito conhecimento acerca do mercado docente. "Por mais que os estudantes pesquisem sobre os professores que irão ministrar as aulas, é difícil saber sobre a qualidade dos docentes. Ainda que os professores possam apresentar uma série de titulações, nem sempre isso vai indicar que esse professor está alinhado com a turma". Arduini afirma que, além da tradição no ensino da instituição, é importante pensar nos fatores
estrutura e localização. Assim como a graduação, a pós exigirá do aluno assiduidade e dedicação. O que muda, neste caso, é que grande parte dos pós-graduandos já está empregado, o que significa menos tempo ocioso. "A estrutura e a localização também são itens importantes. A pós-graduação será um curso demorado, que vai exigir do aluno participação. Por isso, quanto mais perto for o curso do trabalho ou de sua residência, vai facilitar muito seu deslocamento e
a questão do tempo. Além disso, laboratórios bem equipados farão a diferença em sua formação", comenta.
O educador afirma ainda que o curso escolhido deve ser bem pensado. O estudante deve ter em mente o que ele pretende com a pós-graduação, como por exemplo se deseja se aprofundar em alguma área ou busca mudar o foco de sua profissão. "A pós-graduação deve ser repensada de acordo com a carreira. O aluno deve ter em mente que a especialização deve ser algo que possa melhorar a colocação dele no mercado de trabalho ou mesmo em sua carreira", explica Fernando Arduini. E acrescenta. "E ele precisa ver isso dentro da perspectiva da carreira que ele vai seguir,
do seu segmento, o que pode variar. Há instituições com mais credibilidade em certas áreas".
Educação a Distância é opção - Com os cursos de pós-graduação ganhando, ano a ano, mais adeptos, surge a oportunidade de cursá-los em uma outra modalidade que vem ganhando espaço no país: a Educação a Distância (EAD). Em todo o Brasil já existem muitas instituições que oferecem os cursos, muitas delas grandes instituições, reconhecidas e renomadas no mercado educacional. É o caso da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Estadual de Campinas (UniCamp) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para citar alguns exemplos. Além da autonomia com os estudos, um dos fatores que estimula os profissionais a ingressarem em uma pós-graduação a distância é o fato de poder estudar em uma instituição de renome, mesmo que ela não esteja no seu estado. Antes visto com certo preconceito no mercado, o ensino a distância vem consolidando sua presença no mercado. Por muito tempo, o ensino a distância era a única opção para aqueles que não tinham uma universidade próxima à sua residência. Hoje, a EAD recebe muitos alunos que optam pelo seu método, no qual os estudantes têm mais autonomia e podem conduzir seu processo com mais independência.
tantos, cursam o nível superior em paralelo com um curso de especialização ou mestrado. É a corrida contra o tempo na busca por mais conhecimento e pelo sucesso imediato na carreira profissional.
As amigas Carine Cardinelli e Camila Boechat são duas entre as muitas jovens que se encaixam nesse perfil. Aos 22 anos de idade, cursam a pós-graduação concomitante à graduação. Carine cursa o penúltimo período de Nutrição na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
faz especialização em Nutrição Clínica, na mesma instituição. O segundo curso, que se iniciou em março deste ano, é, para a jovem, uma forma de se destacar no mercado de trabalho. "Atualmente, nós não podemos perder tempo. Cada vez mais o mercado pede uma pós-graduação.
Antigamente, a graduação era mais difícil. Hoje em dia, a maioria das pessoas já tem um diploma de nível superior e a pós entra como um diferencial. Eu vejo como algo muito necessário, muito importante, diria que é uma continuação da graduação", afirma a estudante.
Já Camila, aluna do oitavo semestre de Enfermagem na Universidade Gama Filho, concilia o curso superior com a pós graduação em Saúde da Família na Faculdade Souza Marques. "Resolvi cursar os dois ao mesmo tempo quando eu vi que iria precisar de uma pós-graduação depois que
me formasse. Este foi o momento em que eu tive oportunidade. Estou com tempo para cursar e com condições financeiras de bancar os dois cursos", conta a estudante, que tem aulas na graduação às terças e quartas na parte da tarde e na pós-graduação aos sábados, além de
fazer estágio na Gama Filho, todos os dias, das 7h30 às 12 horas. Para Carine, o fator tempo não é problema. A futura nutricionista explica que está sendo possível cursar a graduação ao mesmo tempo da pós-graduação porque, nos últimos períodos de Nutrição, as horas de aula são substituídas por estágio obrigatório, três vezes na semana.
Além disso, a fato de seu curso ser em horário integral, facilitou a estudante a se acostumar com a rotina. "Acho que a universidade pública, ainda mais quando se trata de cursos com horário integral como o de Nutrição, nos ensina a lidar com a questão do tempo. Estou muito acostumada a ter o dia cheio. Com os dois cursos ficou até tranquilo, sobram ainda dois dias para outras atividades", conta Carine que reserva suas noites de folga para se dedicar ao curso de Espanhol.
Escolha de olho no futuro - "É verdade que não sobra muito tempo livre, mas é bom porque não tenho tempo ocioso. Acaba sendo domingo o único dia para descansar. Pesando os prós e contras, os prós ficam muito mais evidentes", justifica. Camila considera o fato de cursar a graduação e a pós ao mesmo momento positivo. "Dá tempo de se dedicar aos dois. Eu vejo que, estando ainda na universidade, levo vantagens por estar tudo fresco na minha cabeça", declara. As amigas, que
estudaram juntas durante todo o ensino médio, encaram essa nova fase acadêmica pensando no futuro e levando em consideração os aspectos do mercado organizacional atual. "Além da necessidade de me especializar, sinto que saímos da universidade com algumas lacunas no que diz respeito ao conhecimento. A pós-graduação passa uma segurança maior, conceitos novos, um aprofundamento maior. Alguns conceitos aprendidos na universidade, são passados de outra forma na pós-graduação, sob outro ângulo. Pretendo fazer uma outra especialização ou mesmo tentar um mestrado", comenta Carine.
Camila, que pensa em seguir a carreira pública, sabe que o diploma da especialização é fundamental em alguns casos. "Atualmente, um diploma de pós-graduação é exigência em muitos concursos públicos. É a chance também de mais oportunidades de emprego. Além disso, descobri uma área que gosto, que me identifiquei e quero estar sempre atualizada", destaca. E ela não pensa em parar por aí. "Já penso em fazer outra pós-graduação, assim que terminar essa. Na área de Saúde é muito importante se atualizar. Pretendo estar sempre estudando para fazer a
diferença no mercado de trabalho", acrescenta. O que se percebe é que as turmas de pós-graduação, antes compostas por pessoas de idade mais avançadas, são agora, cada vez mais, compostas de jovens, seja os que ainda estão cursando o ensino superior, seja os que acabaram de sair da universidade. Camila Boechat vê com naturalidade as mudanças.
"Assim que entrei na pós- graduação pensei que fosse encontrar pessoas mais velhas. Me surpreendi com a quantidade de alunos que estão também finalizando a graduação ou mesmo recém-formados. Acho que é mesmo a tendência do mercado atual". Estudioso na área de formação de jovens e professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas publicas e
Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Gaudêncio Frigotto acredita que, mesmo sendo uma tendência e quase uma exigência do mercado atual, é complicado falar em pós-graduação em um país onde a educação, em geral, não é acessível a todos.
Mercado exige melhor preparação "Eu acho que, no Brasil, falar de juventude é complicado, temos várias juventudes diferentes. Os jovens do campo, por exemplo, quando muito, completam a educação fundamental. É negada, precocemente, a educação a eles. Mesmo na classe média, não são todos os que chegam a uma universidade. Vemos isso pelos números, apenas cerca de 13% dos brasileiros ingressam em uma universidade". Gaudêncio concorda que os jovens de atualmente precisam realmente de mais conhecimento, tendo em vista o mercado cada vez mais competitivo. "É um fenêmeno mundial, já que os empregos de valor agregado, ou seja, aqueles que oferecem maiores salários, estão escassos e isso se explica pela mundialização do capital. Antigamente, 20, 30 anos atrás, os pais desses estudantes ocupavam cargos importantes em bancos, empresas públicas. Hoje, os jovens não têm mais esse espaço. Poucos desses cargos, hoje, são ocupados por brasileiros", pondera. Em um de seus estudos, "Juventude com vida provisória e em suspenso", Gaudêncio divide os jovens em dois grupos. "Há aqueles que entregam sua juventude se especializando, fazendo mestrado, depois MBA e todos os cursos que estão ao seu
alcance para obter uma vantagem no mercado e tem aqueles que jogam a toalha", explica.
O educador diz que a especialização passou a ser necessária. "Não é uma questão de ser positiva ou negativa, é uma questão de necessidade. Hoje, a pessoa que tem um plus, seja uma especialização, um curso de idioma a mais, um estágio no exterior, é a que busca o mercado de
trabalho. O estudo, em si, é positivo. Negativa é a concorrência, a desigualdade nas condições de ensino. Infelizmente, é uma minoria que pode seguir essa tendência", comenta. "Penso que há
uma multidão de jovens querendo se especializar, mas não há recursos financeiros para isto. Estamos falando da grande maioria dos jovens do país", acrescenta o especialista.
Como escolher um bom curso? - Em meio a tanta procura pela pós-graduação cresce também a oferta. Cada vez mais as universidades têm oferecido esses cursos. Com o aumento no número de cursos, ofertados por muitas instituições de ensino, é preciso ficar atento à qualidade. Ao escolher, o futuro pós-graduando deve levar em consideração aspectos como o corpo docente, projeto pedagógico, estrutura e a própria instituição. Para Fernando Arduini, professor diretor do Instituto A Vez do Mestre, da Universidade Candido Mendes, avaliar a instituição é uma das principais questões na hora de escolher um bom curso de pós-graduação. "O estudante deve levar em consideração a instituição que oferece o curso. É importante ver há quanto tempo ele vem sendo oferecido, quantas turmas ele já formou, sua tradição no ensino. Ele deve se concentrar na instituição e no seu tempo de mercado. Se a instituição já formou muitos profissionais, isto é sinal de qualidade", sugere Arduini, acrescentando que esta não é uma tarefa fácil. Muitos alunos optam por pesquisar sobre o corpo docente da universidade que oferece o curso. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) acompanha anualmente as realizações e desempenhos de todos os cursos conferindo uma nota a cada três anos. São considerados qualificados os cursos que, em uma escala de 1 a 7, recebem nota superior a 3. Além disso, para saber mais sobre o corpo docente da instituição, o Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), disponibiliza, também em seu portal, o currículo dos professores, com informações de sua vida pregressa e atual.
Na visão do diretor do Instituto A Vez do Mestre, a pesquisa sobre os professores não é boa opção, já que os estudantes não possuem muito conhecimento acerca do mercado docente. "Por mais que os estudantes pesquisem sobre os professores que irão ministrar as aulas, é difícil saber sobre a qualidade dos docentes. Ainda que os professores possam apresentar uma série de titulações, nem sempre isso vai indicar que esse professor está alinhado com a turma". Arduini afirma que, além da tradição no ensino da instituição, é importante pensar nos fatores
estrutura e localização. Assim como a graduação, a pós exigirá do aluno assiduidade e dedicação. O que muda, neste caso, é que grande parte dos pós-graduandos já está empregado, o que significa menos tempo ocioso. "A estrutura e a localização também são itens importantes. A pós-graduação será um curso demorado, que vai exigir do aluno participação. Por isso, quanto mais perto for o curso do trabalho ou de sua residência, vai facilitar muito seu deslocamento e
a questão do tempo. Além disso, laboratórios bem equipados farão a diferença em sua formação", comenta.
O educador afirma ainda que o curso escolhido deve ser bem pensado. O estudante deve ter em mente o que ele pretende com a pós-graduação, como por exemplo se deseja se aprofundar em alguma área ou busca mudar o foco de sua profissão. "A pós-graduação deve ser repensada de acordo com a carreira. O aluno deve ter em mente que a especialização deve ser algo que possa melhorar a colocação dele no mercado de trabalho ou mesmo em sua carreira", explica Fernando Arduini. E acrescenta. "E ele precisa ver isso dentro da perspectiva da carreira que ele vai seguir,
do seu segmento, o que pode variar. Há instituições com mais credibilidade em certas áreas".
Educação a Distância é opção - Com os cursos de pós-graduação ganhando, ano a ano, mais adeptos, surge a oportunidade de cursá-los em uma outra modalidade que vem ganhando espaço no país: a Educação a Distância (EAD). Em todo o Brasil já existem muitas instituições que oferecem os cursos, muitas delas grandes instituições, reconhecidas e renomadas no mercado educacional. É o caso da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Estadual de Campinas (UniCamp) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para citar alguns exemplos. Além da autonomia com os estudos, um dos fatores que estimula os profissionais a ingressarem em uma pós-graduação a distância é o fato de poder estudar em uma instituição de renome, mesmo que ela não esteja no seu estado. Antes visto com certo preconceito no mercado, o ensino a distância vem consolidando sua presença no mercado. Por muito tempo, o ensino a distância era a única opção para aqueles que não tinham uma universidade próxima à sua residência. Hoje, a EAD recebe muitos alunos que optam pelo seu método, no qual os estudantes têm mais autonomia e podem conduzir seu processo com mais independência.








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