Celular na sala de aula: o que fazer?
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Data: 25 de Maio de 2010
Título: Celular na sala de aula: o que fazer?
Veículo: www.nota10.com.br
Autor: João Luís Almeida Machado
O telefone celular é, certamente, uma das mais celebradas invenções da
humanidade. Seu uso, no entanto, traz não apenas benefícios, mas, em
alguns casos, gera transtornos e dificuldades. Existe certa "ética"
quanto ao uso do celular, que não é explícita, mas oculta e
imperceptível, a orientar a maioria das pessoas. Sabe-se, por exemplo,
que em locais públicos, como cinemas e teatros, é preciso desligar os
celulares ou deixá-los em modo de vibração, para que os demais
presentes não sejam incomodados em caso de telefonema. É esperado que
as pessoas ajam dessa forma, mas nem sempre é o que acontece.
É certo também que existem leis, como aquelas relacionadas ao
trânsito, que condenam o uso de aparelhos celulares pelos condutores
de veículos. Mas ande no trânsito em qualquer lugar do Brasil e
perceba se os motoristas estão preocupados com sua segurança ou mesmo
com as multas que a eles podem ser aplicadas quanto ao uso dos
celulares.
O exagero no uso dos celulares, além dos inconvenientes na vida
cotidiana, tem ocasionado também problemas invisíveis a "olho nu".
Essas dificuldades vão além daquilo que pode ser considerado prejuízo
no trânsito, nos cinemas, em locais de trabalho.
Referem-se à overdose de informações e de ligação com o mundo
(profissional ou pessoal). Trata-se, portanto, de problemas que estão
relacionados a estresse, ansiedade, depressão e afins - de fundo
psicológico e emocional.
O fato de estarmos "ligados" pelas Tecnologias de Informação e
Comunicação, entre as quais temos que incluir os celulares, cada vez
mais integrados a todas as redes - não apenas via telefonia -, provoca
problemas psíquicos em todas as faixas etárias, inclusive entre
crianças e adolescentes, reforçando sintomas e dificuldades associados
à velocidade e às cobranças cada vez mais acentuadas do mundo atual.
Nas escolas não é diferente. Há os problemas relacionados à ética
quanto ao uso de telefones celulares que, para início de conversa,
devem começar com os profissionais que atuam nas escolas. Diretores,
coordenadores, orientadores, funcionários em geral e, principalmente
professores, devem desligar seus aparelhos quando estiverem
trabalhando ou, caso seja muito necessário, mantê-los em modo de
vibração (silencioso) para que as mensagens e ligações fiquem em
arquivo e depois possam ser respondidas.
Em sala de aula, especificamente, o toque de um celular, ainda mais
com a variedade de músicas e demais estilos (muitos deles cômicos)
pode atrapalhar consideravelmente o andamento das ações previstas pelo
professor.
Portanto, o exemplo começa com ele e, depois, deve ser combinado com
os alunos, seguido das devidas explicações, ou seja, dos motivos que
levam a escola (sim, a instituição e não apenas o indivíduo, o
profissional) a pedir aos alunos que deixem seus celulares desativados
durante o dia de atividades educacionais. Isso, certamente, inclui a
questão do envio de torpedos com mensagens de texto. Essa prática,
ainda que silenciosa, tira o foco dos alunos e pode, em muitos
momentos, ser utilizada para fins indevidos, como passar respostas em
provas ou testes.
Na hora do intervalo, na mudança de professores (período entre uma
aula e outra), daí sim é possível que alunos e professores examinem
seus celulares para verificar se há mensagens importantes ou
telefonemas de retorno necessário.
Ainda assim, cabe lembrar que isto não deve se tornar uma "neurose",
não devemos nos tornar escravos do aparelho e dos serviços, tendo que
a toda hora conferir as mensagens (como já foi detectado, por exemplo,
com as pessoas que trabalham muitas horas por dia diante do computador
e que se sentem compelidas a ver e-mails, atender comunicadores
instantâneos, responder a mensagens no Twitter...).
No caso das salas de aula, por outro lado, diferentemente do que se
pensa, os celulares não precisam ser vistos apenas como problemas.
Além de canais de comunicação com as famílias e amigos, ou mesmo entre
a escola e os alunos, esses aparelhos podem ainda se tornar elementos
de aprendizagem, incluídos em projetos educacionais. As peculiaridades
dos celulares, cada vez mais equipados, contando com recursos como
câmeras (que fotografam e filmam com boa qualidade de som e imagem),
gravadores de áudio, calendários, comunicadores instantâneos (envio de
torpedos), calculadoras e tantas outras ferramentas possibilitam a
criação de projetos e ações pedagógicas que não podem nem devem ser
desprezadas.
Entrevistas, criação de banco de imagens, gravação de
minidocumentários, elemento de comunicação entre alunos e dos
estudantes com os professores, envio de mensagens sobre dúvidas e
avaliações, utilização de agendas para organização da vida escolar são
algumas das possibilidades de trabalho com o celular em sala de aula.
Há inúmeras outras que podem ser pensadas e criadas pelos professores,
se transformando em projetos que, com certeza, serão bastante
atraentes aos olhos dos alunos!
Nesse sentido, chegamos à conclusão de que, ao mesmo tempo em que o
celular deve sofrer algumas restrições de uso nas escolas, tanto para
permitir um melhor andamento das ações pedagógicas quanto para
"desligar" um pouco os alunos do ritmo frenético em que vivemos, é
possível tornar esse equipamento, tão popular e acessível, igualmente
um elemento de trabalho educacional com a criação de projetos que o
incluam como ferramenta de pesquisa e produção. Então, que assim seja!








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