25 fevereiro 2010

Eterno companheiro

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Data: 25/02/2010
Título: Eterno companheiro
Veículo: Folha Dirigida - RJ
Autor:

Ninguém ignora, em nossos dias, a importância de incorporar à educação escolar, no seu dia a dia, as novas tecnologias, para enriquecer a prática docente e para despertar, nos alunos, o interesse pela pesquisa, para buscar informações e aprender a selecioná-las, incorporando-as às que são obtidas em sala de aula, trazidas pelos professores, pelos livros didáticos e outros materiais de leitura. Ninguém ignora, em nossos dias, a importância de utilizar as tecnologias disponíveis nos programas de formação de professores e nos de educação continuada, que têm como objetivo atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos dos professores já em exercício.

Estes programas podem ser presenciais, semi-presenciais ou à distância. Entretanto, todos os benefícios que a utilização de novas tecnologias possam trazer, e trazem, ao processo educacional, isto é, ao ensino e à aprendizagem, não substituem a presença física dos professores, não substituem a construção conjunta dos conhecimentos, o desenvolvimento das competências e habilidades, o ensinamento de valores éticos e morais, o que pressupõe a presença do professor e seu perfeito domínio dos conteúdos a serem trabalhados e a aplicação de uma didática adequada que permita a permanente interatividade entre alunos e mestres, que mantenha os alunos interessados, motivados, participativos, reflexivos, inquiridores. Assim, também, não substituem o livro impresso, até porque as novas mídias, ao disponibilizarem livros pela internet, não têm esta intenção, nem este poder.

Há uma diferença substancial, entre ler um livro via internet e ter o livro em nossas mãos. O leitor contumaz, além de ler, sente o "cheiro" do livro, manuseia suas páginas com amor, volta a períodos ou capítulos já lidos para uma releitura (é claro que isto pode acontecer numa leitura pela internet); sente o autor mais perto de si, dialoga com ele, visualiza os personagens, entra nos cenários. O hábito da leitura deve começar, desde cedo, com o manuseio dos livros infantis, que contêm mais figuras do que texto, e vai evoluindo para formar o leitor que sente inúmeras sensações durante a leitura, sofre e alegra-se com as situações vividas pelos personagens criados pelo autor. A leitura do livro impresso permite melhor comparar a realidade e a ficção. ou formação, seja na linha do entretenimento, do enriquecimento cultural, é um padrão comportamental cultural indissociável a todas as sociedades desenvolvidas. É um indicador de grau de desenvolvimento de um povo que, embora nem sempre se associe ao desenvolvimento econômico, indica sempre o grau de desenvolvimento cultural. O hábito da leitura, além de permitir um entretenimento sadio e ampliar os horizontes culturais dos leitores, tem reflexos sobre a escrita. Escreve bem, quem tem o hábito de ler. A leitura leva o indivíduo a um maior grau de informação, de autonomia, de reflexão. Evidente que a possibilidade das pessoas acessarem a internet e terem, à sua disposição, obras nacionais e estrangeiras de qualidade, é um poderoso aliado para a formação do hábito de leitura, para o enriquecimento cultural.

Como professora, sempre procurei colocar livros nas mãos de meus alunos, ensinando-os a ter prazer em folheá-los, a sentir o "cheiro" da tinta da impressora da gráfica que os editou, a levá-los a compreender o que leram, a reproduzir com suas palavras o que os autores escreveram. Sem falar nos livros didáticos e outros materiais impressos que foram, sempre, muito utilizados, em minhas salas de aula. Penso que, se hoje, ainda estivesse numa sala de aula, utilizaria, sim, tecnologias que pudessem enriquecer minhas aulas; que auxiliassem os alunos em suas pesquisas, sobretudo, aprender a buscar as informações, saber selecioná-las, pois a soma das informações dadas pelo professor com a riqueza das informações liberadas pelas multimídias só valorizaria a aprendizagem. Entretanto, quanto à leitura de entretenimento, continuaria utilizando os livros impressos. Quantas coisas passam em nossos pensamentos, diante das folhas amarelecidas de um livro lido na adolescência, relido na juventude, na maturidade ou na velhice. Ao abordar o tema da utilização das tecnologias no processo educacional, gostaria de focalizar um outro aspecto.

Equipar todas as escolas de um sistema de ensino com computadores ligados à internet, por si só, não melhorará a qualidade de ensino, se os professores não os souberem utilizar em toda a sua potencialidade e se não melhorarem seu próprio domínio dos conteúdos que deverão trabalhar com seus alunos; se não souberem enriquecer suas aulas com a riqueza das informações disponibilizadas pelas várias mídias. Do mesmo modo, ao utilizar as tecnologias, sobretudo a TV ou vídeos para programas de educação continuada dos professores em exercício, é importante ter em mente: a) o número de programas necessários para alcançar o objetivo, pois uma capacitação com poucos programas não mudará o grau de conhecimento nem a prática docente dos professores; b) sempre que possível, os programas deverão prever a interatividade, para que as dúvidas sejam esclarecidas e as respostas dadas pelos especialistas presentes no estúdio, se os programas forem ao vivo, atinjam não só quem questionou, mas cheguem como luz e apoio, a toda a clientela que está participando da capacitação. Daí a importância da recepção organizada, que permite a utilização de material impresso para apoiar os programas televisivos, ao vivo, ou pelos vídeos e que crescerá de importância se contar com a presença de um orientador de aprendizagem para ser o mediador dos multimeios utilizados.

Além disso, a recepção organizada permite a avaliação dos programas oferecidos e as melhorias provocadas por eles, na formação dos professores. Só assim poderemos fazer uma avaliação de mérito (qualidade e adequação dos programas) e de impacto (resultados). Ter tecnologias à disposição das escolas é muito importante, pois isto, além de fazer parte da "modernidade", enriquece a prática docente, aumenta as fontes de informação. Entretanto, o mais importante é saber utilizá-las a serviço de um melhor ensino e de uma eficiente aprendizagem. Quanto à leitura de livros de entretenimento, para ampliação da bagagem cultural, deixemos que nossos alunos tenham a oportunidade lúdica de folhear os livros, de ficarem mais próximos dos autores e personagens, incluindo-se nos cenários. E lembremos aos professores o quanto é importante, após a leitura, abrir um espaço para que os alunos discutam os livros que leram, emitam sua opinião. Esse intercâmbio das leituras realizadas pelos alunos e entre eles, é um desdobramento que a leitura permite e que amplia o universo cultural dos alunos, ensinando-os a criar textos, a escrever com criatividade, elegância e correção.

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