Computador, auxiliar do professor
Data: 29/01/2008
Título: Computador, auxiliar do professor
Veículo: Folha Dirigida - Rio de Janeiro RJ
Autor: Teresinha Oliveira Machado da Silva
O governo estadual apresentou proposta para comprar 30 mil "lap top" para distribuir aos professores. Trata-se de uma medida louvável, mas que não leva em conta os principais problemas enfrentados pela categoria.
É evidente que o computador pode ser um precioso instrumento auxiliar do magistério, mas na forma proposta será apenas um paliativo diante da necessidade de efetiva valorização do professor. Temos dito que sem uma solução para as questões salariais, qualquer projeto educacional tenderá ao fracasso. O quadro geral entre o magistério é de desmotivação, acarretada pela falta de condições para arcar com as despesas básicas necessárias para a sua sobrevivência. O professor está endividado e também adoentado. Muitos não contam com recursos suficientes para participarem de um curso de aperfeiçoamento ou para compra de livros, por exemplo.
Lamentamos que as iniciativas em educação continuem sendo feitas de forma improvisada, sem que o governo ouça os verdadeiros interessados: os professores.Tal equívoco ocorreu com o programa Nova Escola que resultou em um grande fracasso. A Uppes considera importante que os recursos sejam bem aplicados. O presidente da Comissão de Educação da Alerj, Comte Bittencourt, assinala que dos 47% arrecadados pelo governo do estado, com aumento de receita e arrecadação, só 17% foram investidos em Educação. Assim como nós, o deputado é contrário a compra de 30 mil computadores para distribuir aos professores.
Segundo o deputado Comte Bittencourt, 75% dos jovens do ensino médio estão excluídos do mundo digital, 50% das escolas não têm computadores, os laboratórios estão sendo fechados e os orientadores sendo desviados de sua função orientadores, "como a Secretaria quer comprar "lap top" para professor? Eles merecem, mas eles merecem muito mais a qualificação e a melhoria salarial reivindicada há mais de 10 anos." A nosso ver, o gestor público muitas vezes acha que o papel do professor pode ser minimizado no processo educacional. Por isso, uma política de efetiva valorização do professor é sempre deixada de lado. Também se manifestando sobre o assunto, o deputado Marcelo Freixo disse que a compra de "lap top" é uma visão equivocada de modernização. Para ele, não há coerência quando os laboratórios estão sendo fechados e os professores desviados de suas funções. Já a deputada Sheila Gama considerou 2007 como o pior ano da Educação no Estado do Rio.
A questão do computador também deveria ser vista pelo lado técnico. Trata-se de uma mídia em constante evolução, exigindo gastos com manutenção, entre outros. O ideal seria que o professor com salário condizente tivesse condições de comprar o computador de sua livre escolha. Quando o Estado realiza esse tipo de investimento caro, não leva em conta a realidade de grande número de escolas, que necessitam de obras de infra-estrutura e o problema da grande falta de educadores. A Uppes realizou um encontro de profissionais que atuam em bibliotecas públicas da rede estadual e a queixa foi geral, em torno da falta de livros atuais e equipamentos.
Muitas escolas não contam com biblioteca ou quando elas existem funcionam de maneira precária. Do ponto de vista pedagógico, os investimentos no livro são infinitamente mais baixos do que os efetuados em produtos da indústria elétrica e eletrônica. É preciso que se tenha clareza dos reais interesses do governo estadual nesse tipo de investimento. Fica ainda a pergunta: são mais de 60.000 mil professores, qual será o critério para a distribuição de 30 mil "lap tops" que o governador está adquirindo?








Postar um comentário
Publique seu comentário!